O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou, nesse sábado (25), que três restaurantes da Zona Sul da capital fluminense são suspeitos de fornecerem alimentos "gourmet" para presos da Operação Lava Jato, na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.
A promotora de Justiça Elisa Fraga revelou que recebeu a denúncia de que os alvos das operações Calicute, Lava Jato e C'est Fini, presos nas celas 1 a 9 do presídio devem ter recebido camarão, bacalhau, queijo de cabra, presunto importado e risoto de frango dos mesmos fornecedores. As evidências foram embalagens e produtos similares, como se tivessem sidos comprados “em atacado”.
Em entrevista à GloboNews, Elisa Fraga explicou que, em uma primeira vistoria, uma perita encontrou, em cada cela, alimentos embalados da mesma forma, os mesmos alimentos, como se fosse uma distribuição entre todos os presos daquela unidade. Havia ainda alimentos in natura e ainda quentes. Mas o MP não divulgou quais os restaurantes suspeitos.
Como a perita não tinha condições de fazer a apreensão, ela acionou a promotora Elisa Fraga, chefe da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), e o Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública (Gaesp), pedindo apoio. E, por determinação do procurador-geral José Eduardo Ciotola Gussem, a perita foi reenviada ao local, com reforço de mais integrantes do MP do Rio.
“O que verificamos, lá, foram alimentos que evidentemente não são trazidos por visitantes porque são todos iguais, praticamente. Os queijos também com embalagens próprias de fornecimento ‘no atacado’, digamos assim. E os mesmos alimentos em todas as celas. Então, dificilmente os visitantes vão levar os mesmos produtos, embalados da mesma maneira, etiquetados, para todos os internos. Então, esse alimento não é permitido entrar, então foram apreendidos”, disse a promotora Elisa Fraga, ao Globonews.
Para o MPRJ, ficou evidenciado que esses produtos foram fornecidos por restaurantes. E ainda foi apreendido dinheiro em quantias superiores à permitida, na ação que flagrou ingredientes sofisticados, alimentos importados, iogurtes, especiarias, queijos, castanhas, frios diversos, cafeteira, eletrônicos e outras mercadorias não permitidas pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).
A maior parte dos produtos foi encontrada na galeria C, onde estão presos o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, o empresário Jacob Barata Filho e outros acusados de integrar a organização criminosa denunciada pelo MP.