Alvo preferencial dos adversários no debate da TV Bandeirantes entre os postulantes ao governo do Rio de Janeiro, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) indicou que tem como objetivo principal fragilizar a candidatura do senador Romário (Podemos) ao cargo.
O candidato do DEM foi atacado pelo ex-governador Anthony Garotinho (PRP), o deputado Índio da Costa (PSD) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) por seu vínculo com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), preso há quase dois anos.
Ele retrucou a todos, mas mirou sua principal pergunta a Romário, com o objetivo de mostrar o que considera despreparo do senador.
Paes o questionou sobre seus planos para reduzir a dívida pública do estado, bem como conseguir arrecadar com a dívida ativa -quando o estado é o credor. Romário se limitou a dizer que formará uma “equipe capacitada de pessoas técnicas” para tratar do tema.
“O candidato não respondeu muito a minha pergunta. Dívida pública é o que estado deve, e dívida ativa o que devem ao estado. Quando tem uma crise fiscal como essa, é fundamental que a gente vá no detalhe”, disse Paes.
Romário adotou uma linha seguida pelo presidenciável Jair Bolsonaro, ao afirmar que terá uma equipe capaz de assessorá-lo nesses temas.
“Posso afirmar aqui a você que não sou especialista em economia. Por esse motivo já indiquei meu economista, Guilherme Mercês. O que podemos dizer é que teremos moral, atitude e coragem para reverter a situação financeira e fiscal do estado”, respondeu o senador.
Garotinho x Paes
Garotinho foi o principal oponente de Paes, com quem trocou acusações que geraram seguidos direitos de respostas.
A prisão da ex-governadora Rosinha Matheus foi a principal razão do confronto entre os dois. Ao responder a acusação contra seu pai feita pelo candidato do PRP, Paes disse que a “irresponsabilidade” de Garotinho levou “a mulher dele para a cadeia” -o casal foi preso em novembro e solto em seguida.
O ex-governador retrucou. Disse que Rosinha não foi acusada de roubo, mas sim “injustamente” por compra de voto, e retomou ataque feito na eleição de 2016 contra Pedro Paulo, candidato derrotado de Paes para a Prefeitura da capital.
“A sua deselegância com Rosinha é natural. O senhor costuma conviver com pessoas que batem em mulher. Eu não faço esse tipo de coisa”, disse, em referência à acusação feita contra Pedro Paulo durante a campanha.
“Em nenhum momento ofendi a ex-governadora Rosinha. Ao contrário, disse que a irresponsabilidade do ex-governador Garotinho, conhecida por todos, inclusive levou a sua senhora a ser presa. Lamento por ela. Falei com uma certa pena”, diz Paes.
‘Cria de Cabral’
Índio, por sua vez, afirmou que o modelo de propina confessada por Alexandre Pinto, ex-secretário municipal de Obras na gestão Paes, era semelhante ao organizado no governo do estado.
“Ali foi terra arrasada. Não deixou um centavo para deixar o prefeito [Marcelo Crivella] cumprir o que prometeu no período eleitoral”, disse o deputado.
Motta, por sua vez, disse que “Paes é cria” de Cabral. Afirmou ainda que Garotinho, Índio e Romário são “todos Cabrais”.
O ex-jogador estreou em debates após uma longa indefinição sobre sua real disposição em disputar o cargo. Ele falou de forma pausada, sem aprofundar planos de governo, e em muitos momentos demonstrou nervosismo.
‘Negro sou eu’
Romário recuperou a altivez dos tempos de atleta ao responder a comentário da filósofa Márcia Tiburi de que o estado não tinha candidatos negros.
“A criminalidade se tornou um destino para muitas pessoas no Rio de Janeiro. Isso tem muito a ver com a nossa história. Se vocês olharem para os nossos candidatos, só temos candidatos brancos, e de mulher infelizmente só eu”, disse ela.
O candidato do Podemos respondeu, minutos depois: “Queria só fazer uma correção para a candidata professora Márcia Tiburi. Eu sou o negro aqui desse debate”, afirmou o ex-jogador.
As propostas apresentadas se concentraram principalmente na segurança pública. Todos se declararam contrários a uma eventual renovação da intervenção federal no setor. (Folhapress)