Após aceitar cargos para apoiar Renan, PT o hostiliza em convenção

Sob gritos de 'golpista', Renan e seu filho receberam apoio formal do PT em Alagoas

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Sob protestos e gritos de “golpista”, o diretório estadual do Partido dos Trabalhadores de Alagoas formalizou, neste domingo (29), o apoio às reeleições do senador Renan Calheiros e do governador Renan Filho, ambos do MDB. A convenção que definiu os nomes  petistas que disputarão o pleito de outubro aconteceu no Clube Fênix, teve como figuras centrais os líderes do clã Calheiros, que terão novamente o PT de Alagoas como extensão de seus comitês de campanha.

A dupla de emedebistas foi recebida com hostilidade por parte da militância que repudia a aliança com o senador Renan, que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Mas, Renan agora engrossa o coro petista de que o país viveu e ainda vive um “golpe contra a democracia”, porque os órgãos de controle e o Judiciário decidiram processar, julgar, condenar e prender o ex-presidente Lula, sentenciado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do Triplex do Guarujá.

O deputado federal Paulão, candidato único do PT de Alagoas à Câmara dos Deputados, percebeu a hostilidade abafada por um jingle e gritos de “Lula Livre” e usou a palavra para afirmar que as palavras de ordem e vaias seriam um desrespeito à decisão democrática da maioria dos petistas alagoanos, interessados também na “estrutura política” que os aliados políticos de Renan costumam receber durante as campanhas.

“Não vai ser meia dúzia de pessoas que vai estragar a festa do partido! Quando a gente recebe um convidado, ou faz um pacto de não receber, por que não tem condição diplomática… Mas a maioria plena recebe Renan”, discursou Paulão, ao considerar que o ex-presidente do Senado “tem sido um senador com altivez”, mais do que alguns senadores de esquerda.

Veja a recepção hostil transmitida pelo Facebook do PT de Alagoas:

“Reconhecimento” fisiológico

Em outubro de 2017, o Diário do Poder antecipou a reconciliação do PT com o MDB de Alagoas, que se deu de forma fisiológica, após pressão sobre a cúpula do partido de Lula para a retomada de cerca de 50 boquinhas perdidas por petistas no governo de Alagoas, após o rompimento em razão do impeachment de Dilma. Com cargos de volta no governo de Renan Filho, a aliança foi fechada com garantias de apoio ao governador e ao senador Renan.

O presidente do diretório do PT em Alagoas, Ricardo Barbosa, explicou que a luta de Renan e de seu filho governador a favor de Lula motivaram o apoio. “Nós decidimos pelo apoio ao governador Renan Filho e ao senador Renan Calheiros pela defesa e o reconhecimento que eles têm feito por todo o legado que Lula deixou, além de reagir contra os abusos que estão praticando contra o ex-presidente”, disse em entrevista à Gazetaweb.

No mesmo domingo, outra convenção de críticos do impeachment de Dilma, do PCdoB de Aalgoas, também escolheu Renan e Renan Filho como “candidatos à recondução de seus trabalhos em defesa da democracia, do Brasil e de Alagoas”.

Os Calheiros destacaram a ampliação da aliança, em suas redes sociais. O discurso na convenção petista não foi transmitido na íntegra pelo Facebook do PT de Alagoas, mas o senador reafirmou seu apoio à libertação de Lula, preso na Polícia Federal de Curitiba (PR), por ter sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

A relação de amor e ódio do PT por Renan já teve como ápice a presença do ex-presidente Lula, em Penedo (AL), elogiando o senador Renan Calheiros e o governador de Alagoas Renan Filho, ao tê-los como seus anfitriões na caravana que passou pelo Estado, em agosto de 2017. Mas, em 10 de maio, a corrente ideológica Democracia Socialista decidiu expulsar o militante Gilberto Coutinho, porque este aceitou ser nomeado pelo governador alagoano como assessor executivo de gestão interna do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral).

Inelegibilidade além de Lula

A convenção do PT decidiu apresentar 29 nomes para deputado estadual. Mas a sigla corre o risco de ter impugnada a única candidatura que apresentará para a Câmara dos Deputados em Alagoas. Porque o candidato à reeleição, deputado Paulão, foi condenado em 2016 pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) a ressarcir R$ 286.765,29, por empréstimos fraudulentos contratados junto ao Banco Rural, no processo resultante da Operação Taturana, deflagrada pela Polícia Federal em 2007.

O deputado federal petista, que sempre reafirma que será inocentado da condenação, destacou sua trajetória, em entrevista à Gazetaweb. “Estou há muito tempo na política, na luta. Sei que muitos sabem do meu trabalho e da minha pessoa. Vai ser uma eleição boa de se acompanhar e torço por bons resultados para o PT”, disse Paulão.

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